Penãhã – livro de Pradinho e Água Boa
Escreveram, traduziram, ilustraram e transcriaram:
Rafael Maxakali, Pinheiro Maxakali, Izael Maxakali, Gilmar Maxakali, João Bidé Maxakali, Joviel Maxakali, Lúcio Maxakali e Sandro Campos, Charles Bicalho e Izabela D'Urço.
Rafael Maxakali, Izabela D'Urço e Charles Bicalho
Responsáveis pela publicação:
Ministério da Educação/MEC
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/SECAD
Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
Núcleo de Pesquisas Transdisciplinares Literaterras:
escrita, leitura, traduções
Local, editora e data de publicação:
Belo Horizonte: FALE / UFMG: CGEEI / SECAD / MEC, 2005.
"Nuhu tappet kiy tute mõnãyxop yõg, hãm xomã 'ax 'agtux xi yã mõnãyxop te 'ãmãhiy 'ax ãgtux. Tu te yumu mõnãyxop yõg hãm 'ãgtux yumug 'oknãg payã tu te yumu ã xuktu kama xi yumu ã 'ukoxuk mug kama 'ukoxuk mõnãyxop te 'ãmãhiy. Há penã nuy ? kaxiy nuhu. Ya xuktux mun 'ãpak, pa penãhã nõm hã. Yã mai nuhu yumug xohi, pu 'umai x 'nãg yumu 'ã
Este livro conta histórias que aconteceram com os antepassados e o que aconteceu antigamente. Nós não sabemos as histórias dos antepassados, mas eles contam pra nós e mostram os desenhos. Os desenhos mostram o que aconteceu e a gente vê e diz: Ah! Foi assim! Agora eu vi. Assim é bom pra todos nós sabermos o que aconteceu. É muito bom pra nós!" (Os Autores)
"Eis mais uma publicação Maxakali. Mais um livro de histórias da tradição deste povo que habita o Vale do Mucuri atualmente, e, desde tempos imemoriais, a região que compreende, além do nordeste de Minas Gerais, o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo. Contadas e recontadas, recriadas, e assim preservadas, tradicionalmente na oralidade, de geração a geração, tais narrativas são a expressão literária de uma cultura milenar. Ãgtux (fala-se "ãgtãi") é o termo em língua Maxakali que designa tanto o verbo
"contar", "narrar", quanto o substantivo "história", ou "estória" em nossa língua – é o acontecimento e o produto da "narrativa". Penãhã (fala-se "penãrrã") é "ver" em Maxakali. E o fato de Rafael ter nomeado o livro assim é signifi cativo. Denota a ênfase que os Maxakali dão às imagens. Rafael escreve, em sua apresentação às histórias, que os antepassados "contam pra nós e mostram os desenhos. Os desenhos mostram o que aconteceu e a gente vê e diz: Ah! Foi assim! Agora eu vi..." E também ouviu. Palavra e imagem se completam, como em ritual, na função de presentificar o passado mítico" (Charles Bicalho).
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